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Monday, July 31, 2006

Cicatrizes


Créditos: C. Salgueiro, J. R. Garcia, Paulo César,
Paulo da Costa e Vitor Cid
As nossas cicatrizes são tão pessoais quanto a nossa unicidade corporal e espiritual: irrepetíveis.
As cicatrizes serpenteiam o nosso rosto, as nossas experiências, a nossa personalidade, a nossa acção.
Mais que o mundo material que criamos ao longo da nossa existência, a nossa verdadeira herança reside nas cicatrizes que guardamos .
A cicatriz é o sinal mais doloroso do nosso eu. É a prova indelével da nossa afirmação como indivíduos diferentes mas idênticos, pois todos, mas todos somos seres cicatrizados.

Wednesday, July 26, 2006

Sinto-me viva

Créditos: C.B.
À noite tudo se dissipa na bruma do espírito domado,
No anjo alado que nos inspira,
Nas asas da plenitude da simples inspiração da brisa fresca.
Sentimo-nos vivos com tão pouco,
Mesmo mal amparados pelas cicatrizes do passado...
Mesmo mal amparados com as expectativas vãs do amanhã.
Respiro fundo, bem fundo
E só assim me sinto viva,
À beira de um precipício inócuo, por agora... mas só agora
Porque me sinto viva.

Thursday, July 20, 2006

"aprender a suprimir o inútil"

Corremos todos atrás do tempo, com medo que corra ele atrás de nós.
Corremos todos atrás do tempo, correndo atrás do tempo que perdemos irremediavelmente.
Os segundos caem como gotas que não evaporam para a nossa alma novamente, para serem reutilizados. Os segundos caem e não voltam. A hora sumida jamais é restituída, por isso todos nós corremos.
Corremos, no fundo, atrás de nós, dos outros que não possuímos, porque muitas vezes a nossa vaga satisfação está em possuir, não em cuidar, mas possuir.
E enquanto isso, corremos.

O cansaço é medonho. Mesmo desmedido, ele faz-nos andar num corrupio, onde a nossa alma empobrece, os sentimentos sofrem de uma anemia crónica e o corpo perde a temperança jovial.
E tudo por não “aprender a suprimir o inútil”.

Monday, July 17, 2006

A Partida


A partida é sempre um ponto que carece de outro para que tracemos uma recta na nossa vida, um trilho, um caminho a desflorar, recomeçar, descobrir, lutar.
A partida não é de todo um termo negativo. A partida é sempre um ponto de chegada, sempre.
“É chegado o tempo de partir” … seja do que for.

uma relação desfeita vs uma relação que começa hoje ou há anos

um projecto falhado vs um projecto recomeçado

uma experiência infértil vs uma experiência frutuosa

um emprego mísero vs um emprego com perspectivas


A decisão da partida é a decisão da mudança. É a decisão da dor. É a decisão do auto e hetero conhecimento. Partir para crescer. Partir para querer viver. Partir para chegar.

Tuesday, July 11, 2006

Cada vez mais vejo as experiências e as pessoas, em especial, como as ondas do mar, vão e vêm. Muito poucas ficam na nossa memória, guardadas num baú especial, muito poucas, e as ondas são tantas!
Cada vez menos me importo com isso, porque acredito que se essas ondas não ficam em mim guardadas é porque apenas serviram para anunciar a sua chegada, partindo sem que eu dê por isso...
Há também ondas mais fortes que nos fazem cair e nos fazem rasteiras, engolimos água e abandonamos momentaneamente o mar, para mais tarde voltar... ou não! Ficamos com aversão à água, erroneamente, mas ficamos.
Eu aprendi a entregar me às ondas que balançam o meu corpo com o cuidado de uma mãe, e ficar à beira do mar, nunca fugir das ondas mais fortes que sacodem o meu corpo num turbilhão de dúvida.
Fugir não é a melhor opção.
A opção está sempre na atitude face ao "mar".

Thursday, July 06, 2006

Love will tear us apart

Créditos: www.olhares.com, Claudio Lopes

When routine bites hard and ambitions are low
and resentment rides high but emotions won't grow
And we're changing our ways, taking different roads

Then love, love will tear us apart again
Love, love will tear us apart again

Joy Divison