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Saturday, September 23, 2006

Oásis


Lisboa, 23 de Setembro

O tempo é chegado.
Vou de malas e bagagens correr o meu mundo procurar alguma paz, procurar o som tremendo da minha alma.
Repousar o meu corpo nos braços do amado.
Repousar o espírito em chão sagrado e serenar.

Vou atravessar a minha ponte, caminho obrigatório do meu quotidiano e regressar... ao meu ninho.

Vou de férias.
Mas volto.
Acho eu.

Vampiria

Wednesday, September 20, 2006

Merditações laborais

Empregada procura emprego para relação séria e duradoura.

O emprego candidato não poderá obrigar a sua empregada a adquirir passe de quantia superior a 50 euros; fazê-la auferir de, pelo menos 700 euros entre o 2º e o 6º dia da semana. O horário do emprego não deverá ultrapassar as 8h/diárias, nem mesmo no caso de clientes peculiares*.

* - clientes verdadeiramente chatos que a imensa falta de auto-estima e tempo de sobra que têm preferem fazer os outros gastar o seu com eles.

Recompensa

No passado mês de Julho empregado perdeu o seu emprego. Este magnífico emprego pagava 600 euros, fugiu da sua empregada na zona da Grande Lisboa e o seu horário era das 8h às 16h de 2ª a 6ª.
Se alguém viu este emprego, é favor contactar o 111 222 333! Não fique com ele, a sua empregada tem muitas saudades do seu emprego!

Wednesday, September 13, 2006

Saudade

Créditos: Guacyr Aranha
A saudade é um bicho da entranha.
Da entranha do desejo e do sonho.
A saudade faz-nos voar para o mundo Pretérito do que foi e já não é.
Mas também para o mundo Porvir do que já é e poderá ser melhor.
No mundo do Pretérito a esperança não existe, ficamos com as recordações.
O sabor é agridoce e tanto nos contagia de alegria melancólica como de tristeza desmesurada.
No mundo do Porvir a expectativa é orgásmica a cada pensamento, encontro, reencontro.
Sabes do que sinto saudade?
De mim.
Ando às voltas no mundo Pretérito. Desprezo o Porvir e daí advém grande parte dos meus cabelos alvos...
Porque muito espero e pouco vivo.
A saudade é o bicho da entranha, sim, o motor onírico que nos faz querer.
Querer. Querer.
Querer viver diferente do dia de ontem.

Thursday, September 07, 2006

Memórias futuras...

Créditos: Hugo Amador

"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:

Criar desumanidades!

Não acompanhar ninguém.

— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós respondePor que me repetis: "vem por aqui!"? (...)


O mais que faço não vale nada.(...)

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...


Ide! Tendes estradas, (...)

Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, (...)

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.(...)

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou,

É uma onda que se alevantou,

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

Sei que não vou por aí!


José Régio

Saturday, September 02, 2006

Créditos: Jozé de Abreu

Que o Amor não tenha piedade de mim e me tome.

Completa.

Para sempre.

O sempre que durares em mim.