Violenta-me, Amor!
Que loucura! É noite...Completamente sós, nus, entregues à insónia ansiosa do desejo premente em nós. Abraçamo-nos como se o mundo fosse acabar no segundo seguinte e juramos a eternidade amorosa que o corpo mortal não nos permite. Beijamo-nos como se no interior um do outro encontrássemos mais uma razão para continuar a viver. Penetras-me num assomo de loucura desabrida, sem pudor nenhum, fortemente até me extenuares até á última gota de suor... É um turbilhão de gestos e afectos o que trocamos, pois a nossa partilha acabará em breve.Entregamo nos como se acabassemos no instante orgásmico final. Entregamo-nos bestialmente como se se tratasse do nosso último tango, a nossa derradeira luta sexual e sensual...
Para logo depois morrermos no pranto do afastamento racional de um amor perfeito demais para ser humano.
No final apenas nos olhamos. Fixamos a tonalidade da íris de cada um, como se fosse a do cadáver que amámos antes e de quem nos despedimos agora, a hora é incerta, mas já vai alta a noite.
Terminara ali... não haverá saudade.