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Thursday, December 29, 2005

Violenta-me, Amor!

Que loucura! É noite...Completamente sós, nus, entregues à insónia ansiosa do desejo premente em nós. Abraçamo-nos como se o mundo fosse acabar no segundo seguinte e juramos a eternidade amorosa que o corpo mortal não nos permite. Beijamo-nos como se no interior um do outro encontrássemos mais uma razão para continuar a viver. Penetras-me num assomo de loucura desabrida, sem pudor nenhum, fortemente até me extenuares até á última gota de suor... É um turbilhão de gestos e afectos o que trocamos, pois a nossa partilha acabará em breve.Entregamo nos como se acabassemos no instante orgásmico final. Entregamo-nos bestialmente como se se tratasse do nosso último tango, a nossa derradeira luta sexual e sensual...

Para logo depois morrermos no pranto do afastamento racional de um amor perfeito demais para ser humano.
No final apenas nos olhamos. Fixamos a tonalidade da íris de cada um, como se fosse a do cadáver que amámos antes e de quem nos despedimos agora, a hora é incerta, mas já vai alta a noite.

Terminara ali... não haverá saudade.

Saturday, December 24, 2005

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Um monte de reticências - é isto que a vida é!

Wednesday, December 21, 2005

E quando a noite chegar

E quando a noite chegar, enfim, saberás que não mais permaneço junto a ti.
Pois a noite é o vago da ausência, a certeza do desespero, a lânguida oferta do sofrimento. Enquanto choras, ao longe, sinto a tua angústia e também eu sou pranto e no vão da noite, desapareço, na vontade amarga e oculta de um dia regressar.

Amo-te como não deveria amar ninguém.

Thursday, December 15, 2005


A penumbra é o buraco negro de que mais gosto...

Procuro-te pelas sendas ocultas no reverso do meu coração, e sou saudada pelas farpas da tua comiseração, pena, a dita compaixão... por mim...
Dancei em volta do teu túmulo amor! Mas dançar mais não podia pois o esforço das lágrimas guerreiras prostravam-me por terra. A terra húmida do trabalho acabadinho de fazer, do corpo acabadinho de esquecer, nas profundezas do húmus.
O corpo em que me enlacei, amei, possuí é agora renegado para a escuridão térrea de um cemitério.

Amor, até mais...

Friday, December 09, 2005

Amor, até mais...

Na bruma fluvial vimos que nada mais poderíamos fazer.
Já conhecíamos o caminho diverso que escolheríamos, sabias, não sabias?
Não deu, não dá, não dá mais e dissemos um adeus ao que construiramos, adeus para sempre, pois mortos já estavamos há muito um para o outro.
Nunca o viste? Não, nunca, nem pediste que voltasse, por isso creio que o "não" faria parte do nosso vocabulário, para sempre e para todo o sempre... adeus...
Num imenso nevoeiro negro, de mera confusão, conflito e atrito inresolvido, largámos mãos e seguimos, rumo à solidão do outro.